quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Tema 17 - Sentidos Simultâneos


De Adriano Antunes, "QUANDO O PASSADO NÃO PASSA".

domingo, 8 de novembro de 2009

Tema 16 - Sentidos Simultâneos


De Adriano Antunes, "PATCHWORK DREAM".

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Tema 14 - Sentidos Simultâneos


De Adriano Antunes, "BRINCADEIRA".

Tema 13 - Sentidos Simultâneos


De Adriano Antunes, "Meninas Chinesas".

Tema 12 - Sentidos Simultâneos

De Adriano Antunes, "EU, SÓ TEU".

Ao te ver assim
Deitada de ti e inundada de mim
Festejo um encontro de almas.

Na calma da cama em chamas,
Me amas.

E eu completo, satisfeito
Adormeço orvalhado
Para acordar sereno.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Tema 11 - Sentidos Simultâneos

De Adriano Antunes, "ESTREIA".

No meu jogo de cena
Aposto em qualquer lado
Pois nos meus dados
Todos os lados são iguais.

Encarno Macbeth por um minuto
Otelo, no outro, absoluto
Para delírio dos mortais.

Recito meias verdades
Disparates de vaidade
Sou ator sem luz, sem trilha, sem direção.

E nesse teatro vazio
De camarim sem estrela
Minha roupa de Julieta
Amarelou, rasgou, puiu.

(...)

E assim tem sido até o próximo ato

(.)

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Tema 09 - Sentidos Simultâneos


De Adriano Antunes, "CAIXA PRETA".

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Desafio 13

Desafiante da Semana: Adriano Antunes
Tema: "Tijolo Quebrado"
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De Wolney Fernandes, "Fissuras Alicerçadas".

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De Adriano Antunes, "Última Martelada".

Com que direito penduras em mim a paisagem dos teus sonhos?

Por certo recordas
Teu vandalismo tosco
Suportado por amor
Aplainado pela dor.

O que mais exiges?

Quebraste o reboco
Perfuraste o tijolo
Íntimo exposto
Jazigo nu.

Hoje és...

Instável
Intruso
Insuficiente

Um prego, torto, esquecido no rodapé do quarto.
(.)

Tema 08 - Sentidos Simultâneos

De Adriano Antunes, "DESAPEGO".

Poetização da Loucura

De Adriano Antunes, "Psicose".

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Quanto ao artista, sua capacidade de mergulho no inconsciente faz com que se confunda a manifestação artística com certa dose de loucura. Loucura é um termo que adquire sentido metafórico na linguagem popular: louco é o inspirado. Logo, todo artista e todo gênio seriam loucos, pois são pessoas inspiradas.

Essa poetização da loucura não admite degradação, ignorando-a. Faz parte do imaginário popular ignorar a materialidade do artista: ele pode ser pobre e também louco, ter crises, depressões, euforias, castigar o corpo com drogas ou inanição. Sua materialidade física desaparece perto da materialidade da obra. Assim, o público mitifica o artista e o vê como um ser à parte da humanidade.

Resta a questão sobre se há, no fazer artístico ou no processo criador, algum componente que favorecia o eclodir de uma psicose. E ainda outra, correlata: se a arte, ainda que benéfica e necessária à humanidade, sacrificaria o artista, sofredor dos males, de sua missão.

Mas, habitualmente, a obra artística nos dá a oportunidade de ativar imagens de assombro e de encantamento. Talvez, sem ela, nossa espécie não sobrevivesse. Se não podemos alcançar a felicidade, tão efêmera e volátil, podemos apreciar, até nos momentos de sofrimento, algo da beleza produzida pelo ser humano a nos trazer uma brisa de alento.
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Texto: Liliana Liviano Wahba – Doutora em psicologia, professora de graduação e pós-graduação do curso de psicologia analítica da PUC-SP, presidente da Sociedade Brasileira de Psicologia Analítica e diretora de psicologia da Associação Ser em Cena – teatro para afásicos – publicado na revista Memória da Psicanálise 2 – Especial Mente e Cérebro.

(.)

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Tema 07 - Sentidos Simultâneos

De Adriano Antunes,"N.Sra dos Calafrios".


quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Tema 06 - Sentidos Simultâneos

De Adriano Antunes, "Vanity Fair".

sábado, 1 de agosto de 2009

Desafio 12


Desafiante da Semana: Wolney Fernandes

Tema: "O que é escrito na lembrança vale mais do que o que ficou perdido no passado.”
(Da minissérie "Som e Fúria")

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De Wolney Fernandes, Inversões.

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De Adriano Antunes, Quimera.

aquarela (1991)

"Em linhas e cores de ingênuos 17, construí quem sou. Novas linhas, novas cores, dominam o hoje, mas no fundo, o mesmo garoto que passava os dias escrevendo e desenhando quimeras, anda de bicicleta com o vento batendo no rosto e ainda acredita em sonhos possíveis."

quinta-feira, 30 de julho de 2009

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Desafio 11


Desafiante da Semana: Adriano Antunes

Tema: "Pensei que isso bastasse. Pensei que amar você e que seu amor - o mais benéfico que jamais tive - seriam suficientes. Pensei que assim aquietaria a angústia que me faz sempre querer buscar novos horizontes e me impede de ser tranquilo ou simplesmente feliz e 'generoso'."

(trecho do e-mail em que Grégoire Bouillier rompe com Sophie Calle)
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De Wolney Fernandes, Horizontes de Inquietudes.


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De Adriano Antunes, Pensei Que Isso Bastasse.

Pensei, e talvez seja esse meu maior defeito: pensar demais. Tento explicar o mundo, achar soluções para coisas complexas e às vezes até para as mais simples.
Uma louca capacidade de absorver o mundo, como ele é, do jeito que é, e embrulhá-lo para presente com o papel dos meus sonhos e emocionais fitas de seda.

Pensei que isso bastasse...

Pensei, e talvez seja por isso que me aprisiono em equívocos constantes, tentando evitar a dor, minha e dos outros, antecipando reações, controlando impulsos, criando soluções.

Pensei que isso bastasse...

Pensei que amar fosse algo bom. Que neste ato de amar não precisasse achar respostas para entender, seria só sentir, simples assim.

Pensei que isso bastasse...

Pensei que a verdade fosse uma prova real de amor-amizade, ofertada sem medo, sem pudor, de peito aberto, cabeça erguida.

Pensei que isso bastasse...

Pensei que nunca me sentiria só se estivesse cercado de pessoas, em lugares públicos, eventos sociais, grupo de auto-ajuda e até mesmo em funerais.

Pensei que isso bastasse...

Pensei que o amor pudesse crescer sendo alimentado apenas por um dos lados e que o tempo reverteria o processo, ou pelo menos o igualaria.

Pensei que isso bastasse...

Pensei que minha tristeza colocada em frases tortas e minha alegria descrita em versos sem rima mostrassem em profundidade minha alma.

Pensei que isso bastasse...

Pensei que meu amor, essa tal necessidade vital de te querer que impregna meus olhos, pudesse encher de alegria e plenitude esse teu mundo escuro, solitário.

Pensei que isso bastasse...

Mas, tu consomes o que tocas, como um buraco negro que engole tudo ao seu redor, sem distinção, sem julgamentos, sem ponderações. Tu te aproprias e ao mesmo tempo declinas dessa posse. Alguém que tem a sorte de possuir tudo, mas vive do nada por escolha, por capricho.

Pensei que isso bastasse...

Mas na angústia que te faz querer buscar novos horizontes, infelizmente mais sombrios, tu és sugado para dentro de ti mesmo. E nesse espaço vazio, de constantes tormentos, gritas:

“- Pensei que fosse suficiente... sentir-me feliz, generoso...”

Pensei que isso bastasse...

Pensei.
(.)

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Tema 04 - Instantes Possíveis


De Adriano Antunes, "Nos Lábios".

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Tema 03 - Sentidos Simultâneos



De Adriano Antunes, PRETO DE PERTO.



"No bigode preto da pele branca
O leite branco da teta preta."

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Desafio 10


Desafiante da Semana: Wolney Fernandes

Tema: Complete a frase: "No banheiro, ao me sentar, olho para frente e vejo..."
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De Wolney Fernandes, Delírios de Azulejos Azuis.


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De Adriano Antunes, Amor por Pontuação.


Pensas em mim (?)

Quando me sinto azulejo
Parede úmida de banheiro
Rejunte?

Quando meu hálito batiza o espelho
Com desenho a dedo de sorriso
Breve?

Pensas em mim (...)

Como água de torneira
Que limpa a sujeira
E pelo ralo se vai.

Ah... Pensas em mim (,)

Nas segundas-feiras
De domingos esquecidos
Em promessas de sábado

Nada mais
(.)

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Desafio 09


Desafiante da Semana: Adriano Antunes

Tema: "Se um homem atravessasse o Paraíso num sonho, e lhe dessem uma flor como prova de que lá estivera, se ao despertar encontrasse essa flor em sua mão... o que dizer então?"(Coleridge)

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De Wolney Fernandes, Caminhos de Paradisíacas Paisagens.


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De Adriano Antunes, Inquietações.

Quando o sonho é promessa
Sou ditado de cozinha
Provérbios de jornal
Poesia de cordel
Pé de coelho.

Acordo frágil, ingênuo, recortando flores, cantando hinos.

Quando o sonho é ausência
Ando de pés descalços
Em pista de brita
Dedilhando teclas brancas, marfim
Piano de cauda, sem som.

Acordo mancha no canto úmido do quarto, silêncio.

Quando o sonho é dúvida
Procuro no lixo as chaves
De portas que nunca abri
Reciclo minha embalagem
Parto de cócoras.

Acordo zéfiro, sopro, brisa, ventania, olho de furacão.

Quando o sonho é pecado
Sinto desejos noturnos regados com suor
Maçãs mordidas e empilhadas ao lado da cama
Paraíso em lençol minimalista
Espasmos.

Acordo fogo, fogoso, fagulha, faísca, fogaréu de São João.

Mas quando o sonho é tempo
Os ponteiros giram ao contrário.

E nesses dias
Acordo argamassa, tijolo sem reboco, parede sem pintura.
(.)

Tema 02 - Sentidos Simultâneos



De Adriano Antunes, Mácula.

Mesa de bar.
Uma vida que escorregou dos trilhos.
Ele estabelecia prioridades apontadas em um bloco de notas que chegava ao fim.
Muito das notações ali contidas nunca chegariam à realidade.
Talvez aquela folha em branco preenchida com esforço seria esquecida, como as outras tantas; ou talvez não.

Um cigarro, um café e milhares de pensamentos.
Helena surgiu deslizando em passos mudos e olhar inquieto, duvidoso.
Ao se aproximar, educada, interrompeu as confusas anotações questionando se ele, por acaso, seria Carlos, um amigo querido que há muitos anos não via e de quem sentia saudades.
Queria um abraço antes de partir.

Ele, com olhos pálidos, fez com a cabeça que não.
Mesmo depois da insistência da jovem continuou afirmando que se tratava de Rodrigo e que não sabia quem seria este tal Carlos.
Ela, decepcionada, olhava para o moço com a certeza de ver Carlos. Reconhecia o riso, os gestos, o movimento sincronizado das sobrancelhas e o velho cacoete de estalar os dedos.
Poderia jurar.

Ele desculpava-se incessantemente, mas negava ser quem ela esperava rever.
Helena, em pé, ele nem ousou levantar-se, enumerou amigos em comum, situações vividas juntos, antigos ambientes de trabalho.
Ele, irredutível, negou conhecimento.
Helena tinha certeza absoluta.
Não estava tão louca a ponto de não reconhecer um amigo íntimo.

O que Helena não compreendia era o porquê de ele insistir em não reconhecê-la.
Por que fazia aquilo com ela, logo ela que o gostava tanto?
Os olhos dele suplicaram pela partida de Helena, mas sua postura de gelo, estática e fria, expulsou-a ferozmente.

Com olhos marejados, Helena disse que provavelmente havia se enganado, que queria apenas dar um abraço no amigo querido antes de partir e que estava impressionada com a inacreditável semelhança entre os dois.
Tentou insinuar que ele estava mentindo, brincando, em um sorriso nervoso de esperança.
Mas ele negou pela terceira vez antes de ela se ir.

Helena, transtornada, segurou nervosa sua bolsa e virou-lhe as costas, partindo de cabeça baixa porta a fora, essa, a única a escutar seus soluços.

Carlos respirou fundo, suas mãos trêmulas tocaram o copo de água que refletia dedos distorcidos, tentáculos enegrecidos.
Um peso gigantesco comprimiu seu peito.
Percorreu estranho formigamento em suas veias.
Não respondeu ao chamado da garçonete que tentava atrair sua atenção para a porção de pães de queijo que demoraram além da conta, mas que vieram com bônus de três, cortesia da casa.

Carlos sentiu ânsia.
Ânsia de correr atrás de Helena e dizer que foi apenas uma brincadeira de mau gosto.
Ânsia de tirar aquele sentimento de perversidade de dentro de si.
Ânsia de vômito pelo que havia feito.
Uma estúpida tentativa de provar a si mesmo que poderia manipular; dissimular, ferir e não sentir culpa.

Foi destroçado em sua estrutura demasiado frágil para aguentar as consequências de tais atos.
Sabia que não mais a veria.
Torturava-se a imaginar que Helena sofria questionando sua amizade, sua integridade,
sua sinceridade.

Partiu partido.
Certo de que jamais seria o mesmo.
Mesmo que tentasse consertar tudo, permaneceria para sempre (...)
Impuro (...)
E Helena não o defenderia se um dia precisasse.
Por certo não.
(.)

quarta-feira, 1 de julho de 2009

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Desafio 08


Desafiante da Semana: Wolney Fernandes

Tema: Kissing-nun" (1992), de Oliviero Toscani


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De Wolney Fernandes, Martírio.
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De Adriano Antunes, N[ó]S.

Teu toque,
Delicado
Alma em choque,
Pecado

Razões e termos,
Recorro
Sentidos aflorados,
Socorro!

Cabeça que só quer voar,
Telhado
Coração a galopar,
Moinho
Vida em curso,
Caminho.
Eu em transe,
Imagino
Você de relance,
Desejo
Sigo em estado de amor,
Festivo
E em teus lábios...
De novo,
Perdido
(.)

sexta-feira, 26 de junho de 2009

(S)ENTIDO(S) (S)IMULTÂNEO(S)

Imagem: Wolney Fernandes

OPEN DOOR
Um tema
8 olhares
8 percepções
8 leituras
8 soluções
Uma postagem
Vários questionamentos.

Os (8), são eles:

Adriano Antunes
Escritor
Porto Alegre - RS
Blog: Rastro de Palavras

Cristian Mossi
Artista Visual
Santa Maria - RS
Blog: meus(des)enredos

Cristiano Casado
Jornalista
Maceió - AL
Blog: Casa do Cristiano

Laila Loddi
Arquiteta
Goiânia - GO

Odailso Berté
Ator-dançarino e coreógrado
Santo Ângelo - RS
Blog: Sarx - Cia de Teatro-Dança

Rosi Martins
Atriz e figurinista
Goiânia - GO
Blog: Cia. Trapaça

Walderes Brito
Jornalista
Goiânia - GO
Wolney Fernandes
Ilustrador e Designer gráfico.
Goiânia - GO
Blog: Instantes Possíveis

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Desafio 07


Desafiante da Semana: Adriano Antunes.

Tema:
A reputação é uma frívola e falsíssima fantasmagoria; muitas vezes se adquire sem mérito e se perde sem culpa.
(Iago, segundo ato, cena 3 - Otelo, Shakespeare)
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De Wolney Fernandes, Rótulos de Fantasmagorias.


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De Adriano Antunes, Imprudências Desejadas.


“Não, sem dúvida, ela não tem, como nossas coquetes, esse olhar artificial que algumas vezes nos seduz, mas que sempre nos engana. Ela não sabe encobrir uma frase com um sorriso estudado.”
(As Ligações Perigosas – Choderlos de Laclos)


Vestida de Diana, ela foi à caça. Cabelos soltos, revoltos, em desalinho programado. A cintura mostrava com precisão os delírios que aquele corpo poderia oferecer. Promessas na carne exposta entre o cós da calça e a blusa curta, justa, que acariciava os seios perfeitos.

Montou no rosto seu melhor sorriso, angulou a sobrancelha, atirou o cabelo por cima dos ombros entrando no bar com desenvoltura profissional. Subiu os degraus da escada em direção ao ambiente reservado. Centenas de olhos seguiram seus movimentos e satisfeita saboreou seu poder. Corpos se acotovelaram em paredes geladas abrindo espaço para a Vênus que, atrevida, distribuía olhares e sorrisos de panfletos.

O salto nem havia abandonado o último degrau e uma taça lhe foi ofertada sendo rapidamente aceita por ela. Diana sabia que seria mais fácil após algumas taças. E foi.

A música embalava conversas divertidas. As pessoas articulavam com fluidez. Olhares eram trocados, uns discretos, outros insistentes. Ela, rodeada de admiradores, tentava mantê-los hipnotizados com seus encantos de sereia. Seu canto era o perfume que exalava e que animava o jogo. Todos tentavam saber quem era a desconhecida, inclusive ele, mas diferente dos outros, manteve-se afastado.

Entre conversas, mirava a estrangeira com desejo e timidez estudada. Parecia, também, um profissional. Estava marcado o duelo e ela, como fêmea que era, insinuava o desejo de ser domada, mas antes do fato, pretendia divertir-se com a manipulação do tempo. Foram muitos os roçares, os toques descuidados, os olhares cúmplices e as promessas sugeridas, mas para manter a emoção, prolongaram a expectativa.

Uma nova taça de champagne, meia dúzia de risos pueris, um morder de lábios e ela sucumbiria ao encanto do jovem rapaz sem culpa.

Adaptaria seus planos. Aproveitaria o interesse do galanteador, desfrutaria de seu corpo, e como um competidor, abandonaria a caça. Como troféu, levaria consigo as súplicas por um segundo encontro que, isso ela sabia bem, jamais aconteceria.

Ele estufou o peito, ajeitou a camisa, traçou com os olhos uma linha imaginária até ela e começou a andar. O coração de mulher que nela vivia, e que naquela noite havia feito as malas para curta viagem, resolveu ficar estacionado na saída de emergência: o estômago. As pernas ficaram inquietas ao vê-lo chegar tão perto, tão determinado.

Nesse instante, separados por pouco mais de um passo, uma mão delicada retirou a ponte que ligava os olhos dele aos lábios dela, puxando a atenção para si.

Como quem acorda de um transe, viu ao seu lado uma linda jovem que, sem perceber o que acontecia, traduziu em um beijo todo o afeto que sentia, e ele, imediatamente retribuiu à altura.

Ainda sedento de desejo, continuou a mirar Diana por cima do ombro da amada. A pele morena na qual ele apoiava seu queixo escrevia a palavra "meu" em cada centímetro do ombro perfeito.

(...)

Diana, sereia, não canta, não mais encanta, mergulha.

(...)

Deu por finda a caçada. Sem glória, mas ainda majestosa, desceu a escada com a mesma desenvoltura e o mesmo alarido da subida. Partiu na noite escura, desfazendo sua silhueta nas sombras e deixando a dúvida de sua presença.

Em lençóis, de branco óptico, Diana dorme o sono dos puros. Ao lado da cama, em cima da poltrona, as armas usadas na batalha. Vê-la assim, trança no cabelo, camisola de dormir, rosto nu, torna impossível crer no que seja capaz de fazer.

E, por certo não o faz, não por medo, por pena ou consciência, mas porque consumar a conquista seria a obrigatoriedade do prêmio, e para ela, saber que ele esteve tão próximo de arriscar tudo, e iria fazer; tinha certeza, mesmo amando o amor moreno, lhe satisfez por completo.

(...)

Embalada por seu canto de sereia, Diana adormece em sono de Vênus.

(.)

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Desafio 06


Desafiante da semana: Wolney Fernandes

Tema: "Yo soy la desintegración" - Frida Kahlo

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De Wolney Fernandes, Frágeis Fortalecimentos.



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De Adriano Antunes, AfragMmenOtosR.

Hoje, fiz amor sem nome
Espiei o outro lado da quina
Y que divide minha vida
Entre esquerdo e direito / certo e errado.

Provei teu sexo
Não por gosto
Por impulso
Não por amor
Por exercício.

Tentei
Testei
Gostei
Gozei

Mas permaneço no latejo da ausência
Sinto na circuncisão que me negaram
A pele que sobra e me torna sensível, patético.

O amor partiu vazio, sem nome
Deixando no corpo nu
Sujo pela ação do tempo
O choro pelo leite derramado
(.)