De Adriano Antunes, Exuber-Ânsia.
quinta-feira, 30 de julho de 2009
segunda-feira, 27 de julho de 2009
Desafio 11
Desafiante da Semana: Adriano Antunes
Tema: "Pensei que isso bastasse. Pensei que amar você e que seu amor - o mais benéfico que jamais tive - seriam suficientes. Pensei que assim aquietaria a angústia que me faz sempre querer buscar novos horizontes e me impede de ser tranquilo ou simplesmente feliz e 'generoso'."
(trecho do e-mail em que Grégoire Bouillier rompe com Sophie Calle)
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De Wolney Fernandes, Horizontes de Inquietudes.
De Wolney Fernandes, Horizontes de Inquietudes.
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De Adriano Antunes, Pensei Que Isso Bastasse.
Pensei, e talvez seja esse meu maior defeito: pensar demais. Tento explicar o mundo, achar soluções para coisas complexas e às vezes até para as mais simples.
Uma louca capacidade de absorver o mundo, como ele é, do jeito que é, e embrulhá-lo para presente com o papel dos meus sonhos e emocionais fitas de seda.
De Adriano Antunes, Pensei Que Isso Bastasse.
Pensei, e talvez seja esse meu maior defeito: pensar demais. Tento explicar o mundo, achar soluções para coisas complexas e às vezes até para as mais simples.
Uma louca capacidade de absorver o mundo, como ele é, do jeito que é, e embrulhá-lo para presente com o papel dos meus sonhos e emocionais fitas de seda.
Pensei que isso bastasse...
Pensei, e talvez seja por isso que me aprisiono em equívocos constantes, tentando evitar a dor, minha e dos outros, antecipando reações, controlando impulsos, criando soluções.
Pensei que isso bastasse...
Pensei que amar fosse algo bom. Que neste ato de amar não precisasse achar respostas para entender, seria só sentir, simples assim.
Pensei que isso bastasse...
Pensei que a verdade fosse uma prova real de amor-amizade, ofertada sem medo, sem pudor, de peito aberto, cabeça erguida.
Pensei que isso bastasse...
Pensei que nunca me sentiria só se estivesse cercado de pessoas, em lugares públicos, eventos sociais, grupo de auto-ajuda e até mesmo em funerais.
Pensei que isso bastasse...
Pensei que o amor pudesse crescer sendo alimentado apenas por um dos lados e que o tempo reverteria o processo, ou pelo menos o igualaria.
Pensei que isso bastasse...
Pensei que minha tristeza colocada em frases tortas e minha alegria descrita em versos sem rima mostrassem em profundidade minha alma.
Pensei que isso bastasse...
Pensei que meu amor, essa tal necessidade vital de te querer que impregna meus olhos, pudesse encher de alegria e plenitude esse teu mundo escuro, solitário.
Pensei que isso bastasse...
Mas, tu consomes o que tocas, como um buraco negro que engole tudo ao seu redor, sem distinção, sem julgamentos, sem ponderações. Tu te aproprias e ao mesmo tempo declinas dessa posse. Alguém que tem a sorte de possuir tudo, mas vive do nada por escolha, por capricho.
Pensei que isso bastasse...
Mas na angústia que te faz querer buscar novos horizontes, infelizmente mais sombrios, tu és sugado para dentro de ti mesmo. E nesse espaço vazio, de constantes tormentos, gritas:
“- Pensei que fosse suficiente... sentir-me feliz, generoso...”
Pensei que isso bastasse...
Pensei.
(.)
(.)
sexta-feira, 24 de julho de 2009
quarta-feira, 15 de julho de 2009
segunda-feira, 13 de julho de 2009
Desafio 10
Desafiante da Semana: Wolney Fernandes
Tema: Complete a frase: "No banheiro, ao me sentar, olho para frente e vejo..."
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De Wolney Fernandes, Delírios de Azulejos Azuis.
De Wolney Fernandes, Delírios de Azulejos Azuis.
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De Adriano Antunes, Amor por Pontuação.
Pensas em mim (?)
Quando me sinto azulejo
Parede úmida de banheiro
Rejunte?
Quando meu hálito batiza o espelho
Com desenho a dedo de sorriso
Breve?
Pensas em mim (...)
Como água de torneira
Que limpa a sujeira
E pelo ralo se vai.
Ah... Pensas em mim (,)
Nas segundas-feiras
De domingos esquecidos
Em promessas de sábado
Nada mais
(.)
De Adriano Antunes, Amor por Pontuação.
Pensas em mim (?)
Quando me sinto azulejo
Parede úmida de banheiro
Rejunte?
Quando meu hálito batiza o espelho
Com desenho a dedo de sorriso
Breve?
Pensas em mim (...)
Como água de torneira
Que limpa a sujeira
E pelo ralo se vai.
Ah... Pensas em mim (,)
Nas segundas-feiras
De domingos esquecidos
Em promessas de sábado
Nada mais
(.)
quarta-feira, 8 de julho de 2009
Desafio 09
Desafiante da Semana: Adriano Antunes
Tema: "Se um homem atravessasse o Paraíso num sonho, e lhe dessem uma flor como prova de que lá estivera, se ao despertar encontrasse essa flor em sua mão... o que dizer então?"(Coleridge)
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De Wolney Fernandes, Caminhos de Paradisíacas Paisagens.
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De Adriano Antunes, Inquietações.
De Adriano Antunes, Inquietações.
Quando o sonho é promessa
Sou ditado de cozinha
Provérbios de jornal
Poesia de cordel
Pé de coelho.
Acordo frágil, ingênuo, recortando flores, cantando hinos.
Quando o sonho é ausência
Ando de pés descalços
Em pista de brita
Dedilhando teclas brancas, marfim
Piano de cauda, sem som.
Acordo mancha no canto úmido do quarto, silêncio.
Quando o sonho é dúvida
Procuro no lixo as chaves
De portas que nunca abri
Reciclo minha embalagem
Parto de cócoras.
Acordo zéfiro, sopro, brisa, ventania, olho de furacão.
Quando o sonho é pecado
Sinto desejos noturnos regados com suor
Maçãs mordidas e empilhadas ao lado da cama
Paraíso em lençol minimalista
Espasmos.
Acordo fogo, fogoso, fagulha, faísca, fogaréu de São João.
Mas quando o sonho é tempo
Os ponteiros giram ao contrário.
E nesses dias
Acordo argamassa, tijolo sem reboco, parede sem pintura.
(.)
Sou ditado de cozinha
Provérbios de jornal
Poesia de cordel
Pé de coelho.
Acordo frágil, ingênuo, recortando flores, cantando hinos.
Quando o sonho é ausência
Ando de pés descalços
Em pista de brita
Dedilhando teclas brancas, marfim
Piano de cauda, sem som.
Acordo mancha no canto úmido do quarto, silêncio.
Quando o sonho é dúvida
Procuro no lixo as chaves
De portas que nunca abri
Reciclo minha embalagem
Parto de cócoras.
Acordo zéfiro, sopro, brisa, ventania, olho de furacão.
Quando o sonho é pecado
Sinto desejos noturnos regados com suor
Maçãs mordidas e empilhadas ao lado da cama
Paraíso em lençol minimalista
Espasmos.
Acordo fogo, fogoso, fagulha, faísca, fogaréu de São João.
Mas quando o sonho é tempo
Os ponteiros giram ao contrário.
E nesses dias
Acordo argamassa, tijolo sem reboco, parede sem pintura.
(.)
Tema 02 - Sentidos Simultâneos
De Adriano Antunes, Mácula.
Mesa de bar.
Uma vida que escorregou dos trilhos.
Ele estabelecia prioridades apontadas em um bloco de notas que chegava ao fim.
Muito das notações ali contidas nunca chegariam à realidade.
Talvez aquela folha em branco preenchida com esforço seria esquecida, como as outras tantas; ou talvez não.
Um cigarro, um café e milhares de pensamentos.
Helena surgiu deslizando em passos mudos e olhar inquieto, duvidoso.
Ao se aproximar, educada, interrompeu as confusas anotações questionando se ele, por acaso, seria Carlos, um amigo querido que há muitos anos não via e de quem sentia saudades.
Queria um abraço antes de partir.
Ele, com olhos pálidos, fez com a cabeça que não.
Mesmo depois da insistência da jovem continuou afirmando que se tratava de Rodrigo e que não sabia quem seria este tal Carlos.
Ela, decepcionada, olhava para o moço com a certeza de ver Carlos. Reconhecia o riso, os gestos, o movimento sincronizado das sobrancelhas e o velho cacoete de estalar os dedos.
Poderia jurar.
Ele desculpava-se incessantemente, mas negava ser quem ela esperava rever.
Helena, em pé, ele nem ousou levantar-se, enumerou amigos em comum, situações vividas juntos, antigos ambientes de trabalho.
Ele, irredutível, negou conhecimento.
Helena tinha certeza absoluta.
Não estava tão louca a ponto de não reconhecer um amigo íntimo.
O que Helena não compreendia era o porquê de ele insistir em não reconhecê-la.
Por que fazia aquilo com ela, logo ela que o gostava tanto?
Os olhos dele suplicaram pela partida de Helena, mas sua postura de gelo, estática e fria, expulsou-a ferozmente.
Com olhos marejados, Helena disse que provavelmente havia se enganado, que queria apenas dar um abraço no amigo querido antes de partir e que estava impressionada com a inacreditável semelhança entre os dois.
Tentou insinuar que ele estava mentindo, brincando, em um sorriso nervoso de esperança.
Mas ele negou pela terceira vez antes de ela se ir.
Helena, transtornada, segurou nervosa sua bolsa e virou-lhe as costas, partindo de cabeça baixa porta a fora, essa, a única a escutar seus soluços.
Carlos respirou fundo, suas mãos trêmulas tocaram o copo de água que refletia dedos distorcidos, tentáculos enegrecidos.
Um peso gigantesco comprimiu seu peito.
Percorreu estranho formigamento em suas veias.
Não respondeu ao chamado da garçonete que tentava atrair sua atenção para a porção de pães de queijo que demoraram além da conta, mas que vieram com bônus de três, cortesia da casa.
Carlos sentiu ânsia.
Ânsia de correr atrás de Helena e dizer que foi apenas uma brincadeira de mau gosto.
Ânsia de tirar aquele sentimento de perversidade de dentro de si.
Ânsia de vômito pelo que havia feito.
Uma estúpida tentativa de provar a si mesmo que poderia manipular; dissimular, ferir e não sentir culpa.
Foi destroçado em sua estrutura demasiado frágil para aguentar as consequências de tais atos.
Sabia que não mais a veria.
Torturava-se a imaginar que Helena sofria questionando sua amizade, sua integridade,
sua sinceridade.
Partiu partido.
Certo de que jamais seria o mesmo.
Mesmo que tentasse consertar tudo, permaneceria para sempre (...)
Impuro (...)
E Helena não o defenderia se um dia precisasse.
Por certo não.
(.)
Mesa de bar.
Uma vida que escorregou dos trilhos.
Ele estabelecia prioridades apontadas em um bloco de notas que chegava ao fim.
Muito das notações ali contidas nunca chegariam à realidade.
Talvez aquela folha em branco preenchida com esforço seria esquecida, como as outras tantas; ou talvez não.
Um cigarro, um café e milhares de pensamentos.
Helena surgiu deslizando em passos mudos e olhar inquieto, duvidoso.
Ao se aproximar, educada, interrompeu as confusas anotações questionando se ele, por acaso, seria Carlos, um amigo querido que há muitos anos não via e de quem sentia saudades.
Queria um abraço antes de partir.
Ele, com olhos pálidos, fez com a cabeça que não.
Mesmo depois da insistência da jovem continuou afirmando que se tratava de Rodrigo e que não sabia quem seria este tal Carlos.
Ela, decepcionada, olhava para o moço com a certeza de ver Carlos. Reconhecia o riso, os gestos, o movimento sincronizado das sobrancelhas e o velho cacoete de estalar os dedos.
Poderia jurar.
Ele desculpava-se incessantemente, mas negava ser quem ela esperava rever.
Helena, em pé, ele nem ousou levantar-se, enumerou amigos em comum, situações vividas juntos, antigos ambientes de trabalho.
Ele, irredutível, negou conhecimento.
Helena tinha certeza absoluta.
Não estava tão louca a ponto de não reconhecer um amigo íntimo.
O que Helena não compreendia era o porquê de ele insistir em não reconhecê-la.
Por que fazia aquilo com ela, logo ela que o gostava tanto?
Os olhos dele suplicaram pela partida de Helena, mas sua postura de gelo, estática e fria, expulsou-a ferozmente.
Com olhos marejados, Helena disse que provavelmente havia se enganado, que queria apenas dar um abraço no amigo querido antes de partir e que estava impressionada com a inacreditável semelhança entre os dois.
Tentou insinuar que ele estava mentindo, brincando, em um sorriso nervoso de esperança.
Mas ele negou pela terceira vez antes de ela se ir.
Helena, transtornada, segurou nervosa sua bolsa e virou-lhe as costas, partindo de cabeça baixa porta a fora, essa, a única a escutar seus soluços.
Carlos respirou fundo, suas mãos trêmulas tocaram o copo de água que refletia dedos distorcidos, tentáculos enegrecidos.
Um peso gigantesco comprimiu seu peito.
Percorreu estranho formigamento em suas veias.
Não respondeu ao chamado da garçonete que tentava atrair sua atenção para a porção de pães de queijo que demoraram além da conta, mas que vieram com bônus de três, cortesia da casa.
Carlos sentiu ânsia.
Ânsia de correr atrás de Helena e dizer que foi apenas uma brincadeira de mau gosto.
Ânsia de tirar aquele sentimento de perversidade de dentro de si.
Ânsia de vômito pelo que havia feito.
Uma estúpida tentativa de provar a si mesmo que poderia manipular; dissimular, ferir e não sentir culpa.
Foi destroçado em sua estrutura demasiado frágil para aguentar as consequências de tais atos.
Sabia que não mais a veria.
Torturava-se a imaginar que Helena sofria questionando sua amizade, sua integridade,
sua sinceridade.
Partiu partido.
Certo de que jamais seria o mesmo.
Mesmo que tentasse consertar tudo, permaneceria para sempre (...)
Impuro (...)
E Helena não o defenderia se um dia precisasse.
Por certo não.
(.)
quarta-feira, 1 de julho de 2009
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